leitura: Tomás Araújo – 7º B (2022-23)
texto: “O ovo”, de Luísa Ducla Soares
O ovo Era uma vez um rapaz, que resolveu partir para a cidade em busca de melhor vida. Gastou o dinheiro que tinha na passagem do comboio e nem uma moeda lhe sobrou para almoçar. Como conhecia o dono do Café da estação, pediu-lhe: – Ó senhor Silva, não me dá um ovo cozido que estou cheio de fome? – Leva o ovo, rapaz, mas lembra-te que não é dado, é emprestado. O rapaz partiu. Quando voltou de férias, a sua primeira visita foi para pagar o que devia. – Aqui tem um ovo senhor Silva, e os meus agradecimentos. – Mas o que deves não é um ovo. Se não o tivesses comido, do ovo tinha nascido uma galinha e a galinha tinha posto doze ovos e dos doze ovos tinham nascido doze novas galinhas. Deves-me portanto treze galinhas. – Treze galinhas?! – exclamou, espantado, o rapaz. Mas logo se recompôs. – Esteja descansado que lhas pago. Venda-me aí um pacote de batatas fritas para eu semear. Os fregueses, que ouviam a conversa, desataram a rir: – Vais semear batatas fritas? Estás maluco, rapaz? – É para pagar a este senhor do meu batatal. Se um ovo cozido pode dar pintos, também um pacote de batatas fritas pode dar um batatal.
Luísa Ducla Soares (1939- )