
foto: Mariana Oliveira – 7º B (2022-23)
poema: “Noturno”, de Francisco Bugalho
Noturno Sobe o frio pela noite toda nua. Na rua, a névoa é um cavalo branco, galopando. No alto cru, meditando se o batalhão das nuvens se descerra, em seu contínuo desfile, as estrelas olham a terra. Recorta-se o perfil do casario no céu sombrio… E eu tenho frio e sonho… Só alguma janela iluminada na hora silenciosa e sonolenta tem os modos de quem espia a minha solidão na madrugada. Adormeceu a cidade, de repente. E eu que, de dia entre a gente, de fugida não fui mais que uma unidade; àquela hora componho a minha vida E sou eu; E tenho frio e sonho
Francisco Bugalho (1905-1949)