
foto: Daniela Silva – 12º A (2022-23)
poema: ” A flor sem nome”, de Fernando Echevarría
A FLOR SEM NOME As rosas reuniram outra vez uma ordem de fogo rumorosa. E o povo bebeu aquela rosa. E vai crescendo em círculos, em onda, a pura embriaguez daquela flor redonda. Vai crescendo por dentro — vermelha, música, apertada. E faz doer os ossos. Vem irada como lua de sangue que sobe na garganta e se agarra aos soluços e à prudência, mas já canta. E, sobretudo queima. Sobretudo, coloca um vendaval de pedras em cada boca. E arde. Arde e consome aquela flor maldita que ainda não tem nome.
Fernando Echevarría (1929-2021)