
foto: Gonçalo Vilas Boas – 12ºA (2022-23)
poema: “Confissão”, de Alda Lara
Confissão No silêncio pesado do caminho, ouviu-se um passo, cadenciado na firmeza das horas decisivas. A sentinela bradou: - Quem vem lá?... O Homem podia ter respondido qualquer coisa parecida com: “gente de paz”... Mas não. Onde a paz, se no seu peito ardiam agonias enraivadas, se nos seus olhos boiavam visões de fogo e de morte, e as suas mãos, (ó belas, generosas mãos!) vinham ainda tintas do sangue dos camaradas?... Não trocou portanto as falas. Respondeu simplesmente, sombriamente: - EU! E a sentinela varou-o com três balas.
Alda Lara (1930-1962)