
foto: Ana Rita Pereira – 10º ano (2021-22)
poema: “Se for estável a cumplicidade” de Sebastião Alba
Se for estável a cumplicidade entre o meu anjo da guarda e minha mãe, espero que na velhice retorne, ilesa, a infância e, das descobertas de então, duas, em sua redoma: os ventos noturnos sem domicílio, ungulados e, à hora da sesta, a obscuridade fluindo das janelas em que estaca, lá fora, a luz do verão. O sono foi a isenção de mim, como a dos pássaros é o voo cessante: que ao ombro nenhuma vara se destaque na lua que apascento, e o chão seja enfim permeável a todas as sombras. Sebastião Alba (1940-2000)