Inês lê “A Princesa e a Ervilha”, de Hans Christian Andersen

leitura: Inês Silva – 9º ano- 2021-22

texto: “A princesa e a Ervilha”, de Hans Christian Andersen (versão portuguesa de Herberto Helder)

Transcrição para Word: Francisco Vilas Boas

A Princesa e a Ervilha

            Era uma vez um Príncipe que andava a dar a volta ao Mundo. Quando voltou à sua terra, viu que não encontrara o que procurava. E o que ele procurava era uma princesa verdadeira.

Todas as princesas que encontrara, ou não possuíam as qualidades que as verdadeiras princesas possuem, ou não eram tão delicadas e sensíveis como deveriam sê-lo.

Meu Deus, como era difícil descobrir uma princesa a valer! E o Príncipe andava triste e aborrecido…

Nessa noite contara aos pais o seu grande desgosto. Na mesma altura rebentou uma tremenda tempestade. Os relâmpagos sucediam-se entre o ribombar dos trovões, as nuvens rolavam umas sobre as outras e a chuva caía em torrentes.

De súbito, bateram à porta do palácio. Quem podia ser, a tal hora, com um tempo assim?

 A Rainha mandou abrir a porta. Por cima do ombro da criada, distinguiu uma rapariga de cabelos colados ao rosto e o vestido a escorrer, que declarava ser uma princesa uma princesa autêntica!

«Ora esta! São isto maneiras de uma princesa se apresentar?», pensou a Rainha.

 No entanto, pareceu-lhe muito natural dar hospitalidade a uma criatura que, àquela hora, com um tempo assim, andava à chuva e ao frio. Por isso mandou-a entrar, sem querer saber se ela era princesa ou não.

 Durante todo o serão, a rapariga mostrou-se extremamente simpática. Falava com tanta graça a propósito de tudo e respondia com tão boa vontade às perguntas que lhe faziam que o Príncipe ficou profundamente impressionado com ela.

Agradou também ao Rei e à Rainha, e esta dizia que ficaria encantada de ter por nora uma rapariga assim.

 «Se eu soubesse que ela é uma princesa verdadeira!», pensou a Rainha. «Mas como hei-de ter a certeza disso?»

De súbito, julgou ter encontrado maneira de acabar com as dúvidas. Dirigiu-se para o quarto que tinha mandado reservar-lhe e colocou sobre as tábuas do leito uma ervilha, uma simples ervilha. Em cima dela amontoou vinte colchões e sobre os colchões vinte edredões.

«Assim», disse a Rainha para si mesma, «se ela sentir a ervilha debaixo de tal camada de colchões e edredões é porque é uma princesa autêntica.»

Chegou a hora de deitar. Todos se despediram e quando a Rainha ficou só com o Rei contou-lhe o que fizera para averiguar se a rapariga era ou não uma princesa.

– Excelente ideia! – disse o Rei.

Ambos ficaram impacientes por que chegasse o dia seguinte.

Logo ao amanhecer, a Princesa já estava a pé.

 – Então, minha filha, como passou a noite? – perguntou a Rainha, enquanto tentava ler-lhe alguma coisa no rosto.

–  Ah, Majestade, terrivelmente mal – respondeu a Princesa.- Não pude pregar olho durante toda a noite. Não sei o que havia na cama que tanto me incomodou. Era um objeto horrivelmente duro, que me pôs a pele toda roxa. Dei voltas e mais voltas na cama: um verdadeiro suplício.

Enquanto a jovem falava, a Rainha olhou para o Rei que, por sua vez, olhou para o Príncipe. O Príncipe estava radiante de felicidade. Pois se a rapariga tinha podido sentir a ervilha através de vinte colchões e vinte edredões é porque era uma verdadeira princesa. Quem poderia, senão uma princesa, ter tão delicada pele?

O Príncipe estava tão contente por ter enfim encontrado uma princesa que logo a pediu em casamento. Ela aceitou, pois já gostava do Príncipe, que achava muito belo.

 – E a ervilha, que foi feito dela?

Puseram-na num museu. Se ninguém a levou, deve ainda lá estar.

Hans Christian Andersen (1805-1875)

biobibliografia

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