
foto: Lara Moreira – 9º ano (2021-22)
poema: “Prefiro as máquinas que servem para não funcionar”, de Manoel de Barros
Prefiro as máquinas que servem para não funcionar: quando cheias de areia de formiga e musgo – elas podem um dia milagrar de flores. (Os objetos sem função têm muito apego pelo abandono.) Também as latrinas desprezadas que servem para ter grilos den- tro - elas podem um dia milagrar violetas. (Eu sou beato em violetas.) Todas as coisas apropriadas ao abandono me religam a Deus. Senhor, eu tenho orgulho do imprestável! (O abandono me protege.)
Manoel de Barros (1916-2014)
Brutalmente belo! Obrigada Margarida e meninos!
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