vídeo e texto: Clara Silva (avó: Rosa Miranda – 88 anos) – 11º ano (2021-22)
Broa Caseira
O pão é um alimento muito importante na nossa alimentação, mesmo que algumas pessoas não o valorizem. Todos os dias o padeiro passa de manhã cedo para deixar pão nas nossas casas. Mas será que antigamente também era assim? Para responder a esta pergunta pedi ajuda à minha avó e ela respondeu-me que não, disse que vinha às segundas, quintas e sábados e deixava só dois trigos em cada casa. Acrescentou que antigamente as pessoas faziam o seu próprio pão, neste caso ela fazia broa.
A minha avó costuma fazer broa duas vezes por mês. É um processo que demora quase uma manhã inteira. Nos dia de hoje é só pedir ao padeiro que traga, já não se veem tantas pessoas a fazer pão caseiro, mas com esta pandemia muitas pessoas começaram a não ter nada para fazer e decidiram fazer pão. Por causa disso a palavra “pão” foi uma das mais pesquisadas no ano de 2020.
Levada pelo facto de não considerar fazer pão uma coisa banal, decidi pegar neste tema para continuar o meu trabalho “A Minha Terra”, no âmbito da disciplina de Português.. Então fui falar com a minha avó. Ela começou por dizer que tinha de ir até São Julião, ao moinho, para fazer a farinha, disse que antes o pão era seco e por isso acrescenta mais farinha de centeio, também acrescentando que só havia padarias em Braga, naquela altura, e que o pão era um dos alimentos mais consumidos, como também o caldo, as batatas cozidas com a casca e só se matava um porco para o ano inteiro. Enquanto a via a fazer as broas, referiu que se davam murros para amassar a massa, mas disse que preferia usar os dedos para misturar, nunca se habituou com a outra maneira e que a parte que menos gostava era preparar o forno tirando os restos da madeira que fica depois de arder.
Gostei de verdade de ter tido a oportunidade de ver de perto o processo de fazer broa e poder conhecer um pouco mais desta tradição. Por exemplo, não sabia que a minha avó fazia uma cruz tanto na massa como também no momento de tapar o forno e que em volta da tampa ela colocava os restos da farinha usada com água. Disse que dantes se colocavam dejetos de animais, nomeadamente bosta de vaca, que se usava como se fosse cimento. A única parte que me custou mais foi ter que acordar consideravelmente cedo, às cinco e meia da manhã, e no início o facto de estar muito fumo fazia os meus olhos lacrimejar, mas gostei bastante e aconselho a terem a mesma experiência. Até tive o privilégio de tirar a tampa do forno!
Durante este trabalho a minha avó sempre dizia “Antes era uma miséria” e pelo que me tem dito venho a perceber que hoje temos facilmente acesso a tudo como a roupas, comida, tecnologias, etc. Não temos tanto trabalho, mas temos mais complicações, e atualmente não vivemos sem tecnologia, sendo que antes nem se imaginava pegar num telemóvel ou usar um computador. Somos uma sociedade muito à frente em termos de desenvolvimento tecnológico, mas em termos morais e sociais ainda temos muito que evoluir.
Temos muito, usamos pouco, desperdiçamos imenso, damos pouco valor. Devemos aprender a valorizar cada coisa que a vida nos dá.
Clara Silva
Que maravilha!
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Um verdadeiro documentário, lindo, verdadeiro, com uma tão linda protagonista! Também os meus olhos lacrimejarem, mas de comoção. Tão lindo! Obrigada, avó Rosa, neta Clara e professora Margarida que proporciona estas experiências aos seus alunos. Rendo-me à beleza deste projeto! Muito obrigada!
Se tivesse de fazer pão como a avó Rosa, também seria a parte de limpar o forno a que menos me agradaria! 😁 Abençoar o pão seria a minha preferida!
Muito, muito obrigada!
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