e tudo repartem

foto: Filipa Ferreira – 9º ano (2021-22)

poema: Os Amigos”, de Sidónio Muralha

Os Amigos

Os amigos partilham
a sua desgraça
em pedaços iguais.
Cada qual recebe
o mesmo quinhão
de tristeza e bruma
e tudo repartem
os dias perdidos
as noites crispadas
as mortes comuns.

De repente falam
apertam as mãos
levantam lareiras
desenham viagens
confiam no amor.

E no chão vazio
nascem malmequeres
frágeis de esperança
(e tão persistentes)
frágeis como a vida
(e tão arraigados).

Obscuras flores
que irrompem do escuro
mas que trazem nelas
o espectro do sol.

Sidónio Muralha (1920-1982)

biobibliografia

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