os aviões

foto: Margarida Alves – 9º ano (2021-22)

poema: “os aviões”, de Gonçalo M. Tavares

os aviões

Lembro-me: não gostava de aviões.
Companheiros de jogo levantavam dedo e cabeça
Em direcção às bem organizadas nuvens de passageiros
E eu permanecia de rosto baixo como excluído
De uma brincadeira de que desconhecia o alfabeto.
Nunca me diverti com o excesso, ainda hoje
Tenho vergonha de certos ruídos,
Dizem-me que baixo muito a cabeça;
Como uma vaca que olha para a erva. E é verdade.
Por vezes tenho vergonha de ver, muitas vezes vergonha
De ser visto.

Gonçalo M. Tavares (1970- )

biobibliografia

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Um pensamento sobre “os aviões

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