
foto: Ana Rita Pereira – 10º ano (2021-22)
poema: “Poema da minha natureza”, de António Gedeão
Poema da minha natureza Crescem as flores no seu dever biológico e as cores que patenteiam, por sua natureza, só podem ser aquelas e não outras. Vermelhas, amarelas, cor de fogo, lilases, carmezins, azuis, violetas, assim, e só assim, tudo conforme a sua natureza. Ásperas são as folhas, macias recortadas ou não, tudo conforme; e o aprumo como tal, ou rasteiras, ou leves, ou pesadas, tudo no seu dever, por sua natureza. É como os animais. Em cada qual por sua natureza, todo o dever se cumpre. Comem, dejectam, dormem, fazem amor nas horas competentes, lutam, caçam, agridem, rosnam à Lua, trinam, assobiam, escondem-se, espreitam, fogem, amarinham, dançam, mudam de pele, agacham-se, disfarçam-se, tudo conforme a sua natureza. Assim eu penso, e amo, e sofro, e vou andando. Tudo conforme a minha natureza. António Gedeão (1906-1997) biobibliografia