leitura: Luísa Gomes e Mariana Ferreira – 11º ano (2021-22)
João Palma (texto) / Rodrigo de Matos (ilustrações) – Oficina do Livro
Não entender patavina
A frase significa “ignorância total sobre determinado assunto” ou “não compreender nada do que foi dito ou escrito”. Há duas explicações sobre a forma como se originou, que se complementam. De acordo com a primeira versão, Tito Lívio (59 ou 64 a.C. – 7d. C.), famoso historiador romano natural de Patavium, a actual cidade italiana de Pádua, empregava na sua escrita um latim arrevesado, originário da sua região, de difícil entendimento. Daí surgiu o patavinismo, que significava não perceber Tito Lívio, “não entender patavina”. Outra explicação advém do facto de os frades franciscanos originários de Pádua, isto é, patavinos, que vinham para Portugal em missão de evangelização, nas suas pregações se exprimirem num português macarrónico (de “macarrão”, como sinónimo de italiano), ou mesmo no dialecto original, o patavino. Por isso, o povo tinha muita dificuldade, se não mesmo impossibilidade, em entender o que os religiosos diziam, isto é, não percebiam o patavino. Na mesma acepção se empregam as frases “isto para mim é grego” ou “isto para mim é chinês”. Claro que tudo é uma questão de ponto de vista, porque gregos ou chineses bem poderiam dizer ”isto para mim é português”, para significar total incompreensão. E é ainda como usar o chavão “transalpino” (para lá dos Alpes) como sinónimo de italiano. Para as gentes de Itália, os portugueses é que são os transalpinos.
Sem Rei nem Roque, de João Palma e Rodrigo de Matos, Oficina do Livro